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Diário de Viagem – Brasília Modernista: do sonho à realidade

No dia 03/09, o Caminhos da Arquitetura, junto com um grupo de viajantes, partiu de São Paulo rumo a Brasília. O embarque foi tranquilo, mas os corações estavam cheios de expectativa. O voo correu sereno, e ao pousarmos na capital federal, já sentimos o ar diferente — anunciando que estávamos prestes a explorar uma cidade símbolo do modernismo brasileiro.


No aeroporto, fomos recebidos por Jamil, que nos conduziu em van até o hotel. Durante o trajeto, Brasília começou a se revelar: ruas largas que parecem conduzir ao infinito, setores bem definidos que traduzem a lógica de um planejamento urbano único no mundo. A grandiosidade do Plano Piloto de Lúcio Costa se mostra não apenas nos edifícios icônicos, mas também nos vazios que dão respiro à cidade, nos eixos monumentais e no diálogo harmonioso entre concreto e paisagem. O verde dos jardins de Burle Marx suaviza a rigidez do traço modernista, criando um cenário de contrastes encantadores.


Após o check-in, seguimos ao Mirante da Torre Panorâmica, de onde Brasília se revelou por inteiro. Do alto, compreendemos a escala e a genialidade do traçado urbano. Como um presente, o pôr do sol tingiu o céu de tons dourados e alaranjados, fechando o primeiro dia com encanto e alegria. À noite, fomos a um encontro com amigos, entre música e um ambiente acolhedor.


No segundo dia, após um farto café da manhã no hotel, partimos para o Centro de Eventos Brasil 21, onde acontecia a Conferência Internacional de Arquitetura do CAU/BR. A abertura contou com a inspiradora palestra do arquiteto chinês Kongjian Yu, que apresentou o conceito das “cidades esponja” — um urbanismo resiliente que alia infraestrutura verde e inovação.


O dia foi repleto de debates sobre acessibilidade, cidades sustentáveis, novos projetos e design, além de encontros com colegas da profissão, que enriqueceram a experiência. Também acompanhamos a escolha da nova logomarca do CAU/BR, um momento simbólico de identidade e futuro.


Após o almoço, seguimos para conhecer a Capelinha de Nossa Senhora de Fátima, um projeto de Niemeyer com painel de Athos Bulcão, construída em 1957 em apenas 100 dias, em formato de chapéu de freira. Encerramos o dia no restaurante Chique Chique, um espaço incrível de comida nordestina em frente à capelinha, onde gastronomia e paisagem se uniram em perfeita harmonia.


No terceiro dia, após o café da manhã, retornamos à conferência para mais um mergulho de conhecimento. As palestras trouxeram reflexões sobre cidades resilientes, futuro do urbanismo, habitação social, patrimônio, sustentabilidade, concursos de arquitetura e design. Painéis e oficinas interativas proporcionaram trocas intensas entre profissionais de diferentes áreas, mostrando que a arquitetura é mais do que forma: é sobre pessoas, cidades e futuros possíveis.


Após o almoço, partimos para explorar a arquitetura da cidade com nosso grupo. Começamos pelo Memorial JK, que celebra a trajetória visionária de Juscelino Kubitschek — o presidente que ousou sonhar e transformar o Brasil. Em seguida, visitamos a Igreja Dom Bosco, com seus vitrais azuis criando um espetáculo de luz impressionante. Passamos por uma superquadra residencial, vivenciando o conceito urbanístico de Lúcio Costa, e seguimos para a Catedral de Brasília, obra-prima de Niemeyer, com colunas em forma de mãos voltadas para o céu.


O Congresso Nacional, com suas cúpulas e torres emblemáticas, completou o passeio pelo centro cívico, ao lado da Praça dos Três Poderes, onde se erguem o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Cruzamos a Ponte JK, cartão-postal moderno projetado por Alexandre Chan, com três arcos metálicos que simulam o movimento de uma pedra quicando sobre a água. Finalizamos o circuito no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.


Em seguida, visitamos a Casa Cor Brasília, uma mostra de arquitetura e decoração com cerca de 50 ambientes criados por talentosos profissionais. A mostra celebra a criatividade e brasilidade, despertando novas sensações e modos de habitar.

À noite, fomos jantar no Pontão do Lago Sul, no restaurante Sallva, que nos brindou com excelente gastronomia diante do cenário encantador do Lago Paranoá, encerrando o dia com sabor e inspiração.


No último dia da conferência, as palestras exploraram BIM, softwares e tecnologias digitais, além de ciência aplicada à arquitetura. A grande revelação foi a neuroarquitetura, mostrando a relação entre pessoas e espaços, e como projetar ambientes que gerem bem-estar e conexão — um verdadeiro chamado para uma arquitetura mais humana e abrangente.


O encerramento foi marcado por integração, música e animação, celebrando dias intensos de aprendizado. À noite, jantamos no Caminito, restaurante argentino de sabores marcantes, e fomos surpreendidos por um motorista que nos levou a locais onde Renato Russo morou e se inspirou, uma despedida inesperada e emocionante.

No dia seguinte, preparamos as malas para o voo de retorno. Brasília ficou para trás, mas deixou impressa em nós sua monumentalidade, modernidade, histórias e arquitetura única.

Brasília nos surpreendeu. E já deixa saudades.


Até a próxima viagem com o Caminhos da Arquitetura!


ree

 
 
 

1 comentário

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Convidado:
20 de set.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Brasilia sempre um sonho, uma cidade que se permite dar importância no urbanismo. #jaquerovoltar

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